sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Final Feliz


Musiquinha de Ben Harper, para embalar a minha escrita, lida por ninguém, num canto que parece ser só meu....

Estou a brincar com as minhas Barbies, a criar as minhas histórias de final feliz, em que a Barbie princesa casou com o Ken e tiveram muitos filhos. Toda feliz pergunto ao meu pai se quer ver o casamento da minha barbie, ao que ele me responde “Mais logo, filha.” Depois do tão esperado casamento, deixo a brincadeira e vou para a sala, onde se encontra o meu pai. “Pai, sabes quando for grande quero ser princesa.”, ao que ele responde “Tu já és a minha princesa, filha.”, ao que repondo com um sorriso inocente.
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada retiraram me de dentro da minha cabeça. O meu comboio também já vinha. Lá entrei dentro do comboio, sentei-me na janela, em frente a um casal de velhotes e o comboio arrancou. Lá estava eu, em mais uma jornada diária. Olhei para os velhotes, pareciam ter o seu “final feliz”, como aqueles que eu criava em criança. Os seus dedos entrelaçados e os seus olhares de grande cumplicidade, transmitiam o carinho e respeito que existia naquele silêncio. A paixão provavelmente já ficou lá atrás no tempo, perdida, mas ficou a amizade, o respeito e as lembranças do caminho que percorreram juntos. Nos bancos ao lado encontrava-se um casal com os seus 16 anos, que se beijavam com loucura, e este casal que se encontrava à minha frente observava e sorria, talvez recordando aquilo que eles próprios já fizeram e sentiram. Observando este momento, faz-me acreditar, novamente, que existe o tal “final feliz”, simplesmente não é aquele que idealizava em criança. Ao olhar para a janela, vou apreciando a vista das montanhas e do rio que segue, ao lado da linha do comboio. Nos 20 minutos de viagem revivo o passado, analiso o presente e crio mil e um futuros. Mas quantas almas no mundo não o fazem, em tantas janelas… olho à minha volta, no comboio, e encontro pelo menos mais 3 olhares perdidos no horizonte. Procuramos todos respostas… respostas do que devemos fazer, ao que devíamos ter feito, ao que faremos, o que fomos, o que somos, o que seremos… infinitas perguntas e respostas…
Entretanto apercebo-me que estou a chegar à estação em que devia sair, penso se deveria sair, voltar para trás ou até continuar até à última paragem. No último momento, saí e enfrentei o frio e a caminhada. Apesar de me custar, fiquei satisfeita por ter descido do comboio naquela estação. A estação do presente, onde luto por aquilo que será o meu futuro, pelo meu “final feliz”.

4 comentários:

Escritora prateada disse...

Olá, desculpa invadir o teu espaço bloguistico, mas não resisti, visto termos o mesmo gosto em relação a Ben Harper. No entanto, o que mais me chamou à atenção foi a tua escrita, demonstras grande maturidade de escrita. Já alguma vez pensaste em fazer disso a tua profissão?
Enfim, queria mesmo felicitar-te pelos teus textos. Definitivamente vou seguir este Blog.

S_writing disse...

Obrigado pelo elogio XD
Penso que sim, houve momentos da minha vida, em que pensei fazer da escrita a minha vida, mas nunca levei isso para a frente. Até porque eu escrevo em momentos de inspiração, se eu forçar não sai da mesma forma. Eu ja estive meses e meses sem conseguir escrever nada, os momentos de inspiração vêm quando querem, e quando vêm é quase como uma obrigação , tenho mesmo de ir escrever se não consigo continuar com o que estou a fazer. Enfim...
Passei pelo teu blog e adorei ver que além do Ben Harper, temos também Florbela Espanca em comum, o que me deixa contente. Irei tambem seguir o teu blog;)

Escritora prateada disse...

Percebo o queres dizer, os escritores profissionais acabam por ter um pouco de pressão por parte das editoras, para finalizarem os projectos. Mas mesmo assim acho que devias ponderar fazer algo. Já agora, uma pergunta,o que escreves é real?

S_writing disse...

Todas as coisas que escrevo acabam por ter um fundo de realidade, visto virem de mim, da minha inspiração. Ha sempre um pouco de verdade, nem que seja entrelinhas. Mas tambem "invento" muita coisa, são coisas que saem, que não penso, simplesmente escrevo que a minha criatividde manda.
Penso que a minha escrita por vezes pode até ter vários pontos de interpretação, cada pessoa pode tirar a sua conclusão.
Qual é pro exemplo a tua interpretação deste ultimo texto?